O Gato Malhado e Andorinha Sinhá
Ficha Artística
Coordenação Geral e Direcção Artistica
João Branco
Coordenação Geral e Direcção Plástica
Elisabete Gonçalves
Adaptação e Dramaturgia
Airton Ramos e João Branco
Música Original e Ambientes Sonoros
Neu Lopes
Desenho de Luz
Anselmo Fortes
Concepção de Máscaras
Elisabete Gonçalves
Elenco
Grupo de Teatro do CCP - IC
Sobre o espectáculo
Uma parábola contemporânea
Desde há muito que desejava colocar no palco uma adaptação teatral deste conto exemplar de Jorge Amado, certamente um dos maiores criadores literários do século XX. A história, aparentemente elementar e singela, fala-nos de uma paixão proibida entre dois seres que foram, por natureza, feitos para serem inimigos mortais. É uma poderosa parábola contemporânea, que nos mostra como o preconceito impede tantos seres humanos de serem felizes, pelo simples facto de se apaixonarem por alguém que o mundo próximo e social, considera «inadequado». Pode ser por causa da cor da pele, da conta bancária, do credo religioso, da nacionalidade de origem, da afeição clubista ou da filiação partidária. Apesar de tantos exemplos diários, parece que ainda não aprendemos que o amor é a grande arma para lutar contra uma sociedade alheia, triste, global, receosa, egoísta e tantas vezes hipócrita, como é esta em que vivemos hoje em dia.
Por isso esta adaptação teatral cumpre um desígnio que considero fundamental nesta forma de expressão artística única e essencial: servir de espelho da Humanidade e, seja pela emoção que induz, seja pela reflexão que provoca, conseguir, através dessa vivência partilhada, tornar-nos um pouco melhores seres humanos e mais conscientes das nossas forças e das nossas fraquezas.
Também por isso, e ao contrário do que possa parecer à primeira vista, não considero esta uma peça «infantil». É uma peça para todas as idades, porque o amor não tem fronteiras e nunca é tarde para apreender a poderosa influência que este pode exercer na nossa curta passagem pelo mundo dos vivos.
Dito isto, uma palavra aos 15 actores e actrizes do grupo de teatro do Centro Cultural Português - IC, que consegue juntar num mesmo palco imensa experiência e talento, como há muito tempo não se via na nossa companhia. Quisemos muito reencontrar esta história pelo ensinamento profundo que nos transmite. Quisemos dar a nós próprios uma demonstração da nossa capacidade de mobilização enquanto colectivo teatral. Quanto mais não seja, porque cada vez é mais certo que estar no palco e habitar outras vidas, é paradoxalmente incompatível com um estado de espírito egocêntrico, leviano e hipócrita que tantas vezes nos barra o caminho da felicidade.
João Branco Director Artístico do GTCCP Mindelo / IC
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