Sublime Máscaras

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Sublime é o epíteto que melhor casa com "Máscaras", a peça baseada no poema de Menotti del Pichia que sobe hoje, 28, ao palco do auditório do Centro Cultural do Mindelo. Co-produzida pelo Grupo de Teatro do Centro Cultural Português - IC e a Companhia de Dança Raiz di Polon, a obra é de uma beleza comovente que nasce das palavras de Arlequim, Pierrot e Columbina. Personagens a que dão vida o Arlindo Rocha, João Branco e Romilda Silva, no cenário criado por Bento Oliveira e coreografia de Manu Preto e Beti Fernandes. (...)

A peça não seria entretanto tão marcante se os olhos de quem a vê não vissem também um cenário que conduz ao sonho. Tal como em "Auto da Compadecida", Bento Oliveira surpreende em cada detalhe, ajudado pelas máscaras de Abraão Vicente, pela indumentária de Elisabete Gonçalves e pelos objectos de Artur Marçal. Todos juntos criam um mundo de plasticidade com cara e cheiro a Cabo Verde. 

É nesse cenário que passeiam duas figuras estranhas - interpretadas por Manu Preto e Beti Fernandes - cujo talento é já reconhecido e premiado, e que dançam e se movimentam ao som da música de Vasco Martins e fazem recordar Orlando Pantera ao proferir excertos da letra de "Lapidu na Bo", do falecido compositor.

E mesmo que esta peça não despertasse todos os nossos sentidos, valeria pelo intercâmbio e cooperação que espoletou ao congregar talentos e esforços de três ilhas - Santo Antão, S. Vicente e Santiago -, mostrando assim que é maior aquilo que nos une do que as águas do mar que nos separam neste nosso pequeno Cabo Verde.


Teresa Sofia Fortes - Jornal A Semana (28 Novembro 2008)  

 

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