Os nossos actores VII

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@ «Três Irmâs», 2004, Foto de João Barbosa

Jorge Ramos

Idade: 40 e mais alguns anos
Signo: Caranguejo

Peças em que participou como actor:

«Romeu e Julieta» - 1998
«Mancarra» -
1998
«Os Velhos Não Devem Namorar» - 1998
«Dois Irmãos» - 1999
«Conde d'Abranhos» - 2001
«À Espera da Chuva» – 2002
«Auto d'Holanda» - 2003
«Três Irmãs» – 2004


Se tiver algo a dizer sobre este nosso actor, não hesite em deixar o seu comentário

Proscénio: Casa de nha Bernarda

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Pintura do cartaz da peça «Casa de Nha Bernarda» (pormenor)
(16ª Produção Teatral)



Programa da peça





Ano: 1997
Pintura e desenho: Luisa Queirós

Festa de angariação de fundos

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Os alunos do XI Curso de Teatro do CCP/ICA estão a organizar uma festa para angariação de fundos para a peça "Ilha Ancorada".

Todos os alunos dos cursos serão convidados, assim como elementos dos grupos teatrais e amigos ou familiares.

Vamos ajudar?

Data: 30 de Abril / 18:30 horas (festa ao final da tarde)
Local: ex-sindicato da EMPA (perto da Laginha)
Preço: 300$00

Elementos em acção 06

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Projecto «A Arte de Ser Feliz»

Data: 29 de Abril (Sábado) a partir das 19:30 horas
Local: Fundação Baltasar Lopes (Funaná Projectos)


Elementos participantes: Bety Gonçalves e Zenaida Alfama

Peças em Imagens: O Auto da Compadecida (2005) II

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@ Fotografia de João Barbosa
Mais imagens da nossa Compadecida crioula

Peças em Imagens: Conde d'Abranhos (2000)

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@ Fotografia de João Branco
A fina ironia de Eça de Queirós nos palcos de Cabo Verde

Elementos em acção 05

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Projecto de Dramaturgia: «Barcos de Papel»
Leitura da peça: «Cabeças no Sótão»

Data: 28 de Abril (Sexta-feira) 19:00 horas
Local: Biblioteca do Centro Cultural Português / Mindelo

Os nossos actores VI

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@ Acção de formação com Cândido Ferreira, 1996

Nelson Rocha

Idade: 31 anos
Signo: Aquário

Peças em que participou como actor:

«Eu Sou Teu Escravo?» - 1994
«Sonhos» - 1995
«Fragmentos» - 1995
«O Fantasma de S. Filipe» - 1996
«O Último Dia de um Condenado» - 1997
«Romeu e Julieta» - 1998
«Os Velhos não devem namorar» -
1998
«Os Dois Irmãos» - 1999
«Telemania» - 2001
«Rei Lear» – 2003
«Três Irmãs» – 2004


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Proscénio: Virgens Loucas

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Programa da peça "As Virgens Loucas"
(12ª Produção Teatral)




Ano: 1996
Design: Cândido Ferreira

Elementos em acção 04

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Pessoal do nosso grupo vai estar integrado no projecto «A Arte de Ser Feliz». Vamos acompanhar!




Projecto de arte integrada: «A Arte de Ser Feliz»

Data: 29 de Abril (Sábado) a partir das 19:00 horas
Local: Fundação Baltasar Lopes da Silva (Funaná Projectos)

Peças em Imagens: Último dia de um Condenado (1997)

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@ Fotografia de Valdemar Lopes
Quando foi apresentada, esta peça marcou.
É bom recordar a grande noite do José Évora!

Elementos em acção 03

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TIM apresenta a peça «A Greve dos Livros»

Data: 22 e 23 de Abril (Sábado e Domingo) pelas 20:00 horas
Local: auditório do Centro Cultural do Mindelo

As nossas actrizes V

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@ "Salon" - foto de João Branco

Romilda Silva

Idade: 24
Signo: Gémeos

Peças em que participou como actriz:

«Mancarra» – 1998 /2000
«Os Velhos Não Devem Namorar» – 1998
«Auto d'Holanda» – 2002
«Salon» - 2002
«Sapateira Prodigiosa» - 2003

«Rei Lear» - 2003
«Máscaras» - 2008


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Os nossos actores V

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@ «Sapateira Prodigiosa», 2003

Edson Fortes

Idade: 25 anos
Signo: Sagitário

Peças em que participou como actor:

«Romeu e Julieta» - 1998
«Os Velhos não devem namorar» - 1998
«Os Dois Irmãos» - 1999
«Cloun Creolus Dei» - 1999 / 2003
«Agravos de um Artista» – 2000
«Médico à Força» – 2000
«O Conde de Abranhos» - 2001
«Mancarra» – 2001

«Telemania» – 2001
«Auto d'Holanda» – 2002
«Salon» – 2002
«Sapateira Prodigiosa» – 2003

«Cloun Futebol Club» - 2003



Além de excelente actor nenhuma montagem dispensa o também técnico de luz, Edson Forte, o «Grande Valor» - como diria o nosso Paulo Miranda...


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Contagem decrescente

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Faltam 40 dias para a nossa actuação no F.I.T.E.I. (Portugal)
dia 01 de Junho, com "Mar Alto
"

Historial: "Os Dois Irmãos" (1999)

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Esta produção teatral marcou, por várias razões. Entre as mais significativas estão o facto de dramatizar um dos mais geniais romances de Germano Almeida, de ter colocado um grupo de teatro mindelense a contar uma história de Santiago, sem precisar de recurso folclorista para se mostrar "genuíno" e porque foi para este espectáculo que Orlando Pantera compôs temas originais...


Um desafio Fascinante
Texto inserido no programa da peça «Os Dois Irmãos»

Estes dois irmãos andam-me a perseguir há já algum tempo, André e João, irmãos de sangue de uma qualquer rubêra do interior de Santiago, povoam o meu imaginário dede o dia em que li o romance de Germano Almeida. Um projecto que foi sendo sucessivamente adiado, substituído por outros, não pela sua menor importância, mas antes pela enorme responsabilidade que para nós representava pôr no palco um romance do mais popular e mediático escritor cabo-verdiano. Depois, o romance escolhido, “Os Dois Irmãos”, apresenta uma dramaticidade tal, que nos admiramos não só pela beleza do livro – mas sobre isso escreverá melhor do eu a Ana Cordeiro – mas sobretudo por este ainda não ter sido adaptado ao cinema, à televisão ou, até agora, ao teatro. Se o ponto de partida fundamental para qualquer projecto audiovisual é uma boa história, então este romance é matéria-prima de finíssima qualidade. Aliás, desta mina de talento que é o Germano Almeida, haverá com certeza muitos outros filões por explorar, que proporcionarão no futuro mais filmes, séries de televisão ou peças de teatro, embora seja uma pena que o escritor nos «obrigue» a queimar muitos e indispensáveis neurónios nas adaptações, já que, como ele próprio já nos repetiu, dificilmente se aventurará por esse campo tão complexo que é, sem dúvida, o da dramaturgia, para grande lamento nosso. Até porque nos facilitava o trabalho.

Mas desta vez é que foi. Partimos para a adaptação, eu e o Francisco Cruz, ficando muitas vezes com os olhos em bico com a complexidade da estrutura narrativa do autor, que salta no tempo, de uma linha para a outra, com que imune a qualquer tipo de regra naturalmente aceite para uma forma de escrita mais rígida (e ainda bem que assim é!).

Alguns meses de trabalho foi quanto durou a adaptação, partindo de um pressuposto de encenação que sempre foi para nós bastante claro: a peça deveria retratar o julgamento de André, efectuado na escola primária do local onde o crime teve lugar. A partir daí, foi para nós interessante, e esperamos que o seja para o nosso público, escolher as situações que no local foram determinantes para a ocorrência do horrendo e inexplicável crime. Porque num aspecto o livro – escrito a partir de uma história verídica, diga-se de passagem – é claro: André, então emigrado em Lisboa, não regressou a casa para consumar nenhum tipo de vingança contra o irmão. Nem ficou claro se o que o pai viu, e que originou a carta escrita ao filho emigrado contando a suposta traição do irmão, realmente aconteceu. O mais dramático de toda a situação é o facto de, provavelmente, a traição de João – uma alegada relação sexual com a mulher com quem André casara apressadamente antes de partir para o estrangeiro – nunca ter realmente acontecido e tudo não ter sido senão o resultado da imaginação delirante de um homem já idoso, muito agarrado aos conceitos da honra e tradição familiar. Dar a perceber, e colocar isso no palco, toda a carga negativa que se gerou na aldeia pelo facto de André não consumar a vingança contra o irmão logo após a sua chegada, e descrever o desenvolvimento que acabou por consumar o que todos esperavam que acontecesse desde a primeira hora, eis o grande desafio do nosso grupo, porque só criando esse ambiente se conseguiria captar a verdadeira essência da obra.

Tivemos várias vezes que conversar com o escritor para saber mais pormenores sobre o julgamento. Assistimos a vários julgamentos actuais, para perceber como decorrem normalmente os processos judiciais e o funcionamento de um tribunal. Estudamos, com todo o cuidado, o envolvimento geográfico da história, ou seja, o interior de Santiago, com a preocupação de sermos fiéis ao crioulo local, aos costumes e aos figurinos, numa história acontecida pouco depois da independência nacional. Foi para nós de enorme importância a colaboração de muitas pessoas de Santiago, com quem tivemos a preocupação de estar em contacto, de levar para os ensaios, não só para uma questão de controle da língua, mas também para sentir se o caminho escolhido para captar o espírito dessa região, naquela época, estava a ser correctamente delineado.

Podemos afirmar, e temos consciência disso, que não deixa de ser uma grande ousadia, um grupo de sampadjudos concretizarem um espectáculo feito a partir de uma obra literária que retrata de uma forma tão brilhante a cultura e a vivência de uma comunidade do interior da ilha de Santiago, tão rica, e ao mesmo tempo, tão misteriosa. Foi para nós um desafio que foi sendo superado dia a dia, nos ensaios, até porque a qualidade literária do guião dramatúrgico, quase na totalidade saído das páginas do romance adaptado, nos aumentava o prazer de concretizar este trabalho cénico. Esperamos, sinceramente, que este prazer seja compartilhado por todos quantos vejam este espectáculo.

O cenário, concebido pelo artista Manuel Dias, baseia-se na concepção de que estamos num tribunal adaptado, dentro de uma sala de aula de uma escola primária. Os flash-back’s que a toda a hora nos levam a viajar até ao cerne dos acontecimentos, foi concebido de forma a dar uma outra dimensão estética e temporal, para que mais facilmente possamos ser transportados para o interior daquela aldeia. O público, durante todas as cenas do julgamento, faz parte do cenário. São a audiência do tribunal, e como tal são levados a agir, inclusive com o pedido de se levantarem para a entrada do juiz. Todos esperamos que durante o normal desenrolar de todo o processo judicial não haja a necessidade de solicitar a intervenção das forças policiais para que o respeito ao tribunal não seja nunca posto em causa. O público é assim convidado a participar nesse jogo do fazer teatral, que a todos dá prazer, já que sem ele, não se justifica a presença de nenhum dos elementos integrantes desta forma de expressão artística.

O músico Orlando Pantera, profundo conhecedor da cultura daquela região do país, é um trunfo importante, que com grande orgulho integramos na ficha artística. Ao convite, de imediato pôs mãos à obra, não só concebendo temas inéditos, como gravando, em exclusivo, outros temas já compostos e da sua autoria, que se adaptassem às diversas peripécias da estrutura narrativa. O talento de Orlando Pantera fica patente em cada um dos sons deste espectáculo e dá a esta produção uma cor que, na nossa opinião, em muito contribui para um mais fiel retrato social e regional da história.

Finalmente, falar dos actores, principais obreiros desta produção. Foram exemplares na forma como procuraram assimilar uma realidade cultural e social que não é de forma alguma a deles, da qual muitas vezes se sentiam afastados, devido a alguns discursos demasiado bairristas, que infelizmente ainda hoje são uma realidade no nosso país e que servem só para afastar umas das outras as diferentes vertentes culturais do povo cabo-verdiano. Com o talento demonstrado por estes actores ao longo dos ensaios é para o encenador um privilégio trabalhar. O esforço, a dedicação e talento mais uma vez demonstrados, é como que uma imagem deste grupo de teatro, que comemora com esta fascinante história, as suas 20 produções teatrais, em seis anos de existência, facto mais do que qualquer outro, valerá para uma avaliação do que toda esta boa gente tem feito e contribuído para uma verdadeira e sustentada evolução das artes cénicas em Cabo Verde.

Março 99 / João Branco

Os Dois Irmãos

Ficha Técnica

Encenação
João Branco

Adaptação Dramatúrgica
Francisco Cruz

Cenografia
Manuel Dias

Música Original
Orlando Pantera

Figurinos
Anilda Rafael

Desenho de luzes
César Fortes

Sonoplastia
Anselmo Fortes

Aderecista
Helder Antunes

Assistente de ensaios
Elísio Leite

Actores / Actrizes
José Évora – André
Jorge Ramos – João
Francisco Cruz – pai
Gabriela Graça - mãe
Ângelo Gonçalves - Juiz
Flávio Leite - Agente do Ministério Público
Manuel Estevão - Advogado de defesa
Nelson Rocha - Oficial de diligências
Manuel Dias – Domenico
Elísio Leite – Furtado
Arlindo Rocha – Pedro Miguel
Carla Sequeira – Maria Joana e batucadeira
Zenaida Alfama – Vizinha
Edson Gomes – João o Tanso
António Coelho – pai de Maria Joana
Odair Lima – polícia
Elisabete Gonçalves – batucadeira

Apresentação
Dias 26, 27 e 28 de Março e 2, 3 e 4 de Abril de 1999, no Centro Cultural do Mindelo

Elementos em acção 02

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No próximo dia 28 de Abril (sexta-feira) terá a primeira sessão do projecto «Barcos de Papel», um programa de intercâmbio dramatúrgico entre três países e três continentes. A ideia é colocar agentes teatrais do Brasil, Cabo Verde e Portugal a ler as peças uns dos outros. No nosso caso, o autor escolhido é brasileiro. A peça a ser dramatizada será "Cabeças no Sótão", de Wilson Machado. A leitura dramatizada será feita por João Branco e Sueli Duarte (aluna do XI Curso)

Quem participa do nosso grupo:

1. João Branco




Leitura dramatizada da peça «Cabeças no Sótão»


Data: 28 de Abril (sexta-feira) pelas 19:00 horas
Local: biblioteca do CCP - Pólo do Mindelo

Elementos em acção 01

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Quatro elementos do nosso grupo vão estar em acção na peça do TIM - Teatro Infantil do Mindelo, «A Greve dos Livros».

Estreia no próximo dia 22 de Abril
Repete no dia 23 de Abril (Dia Mundial do Livro)

Local: auditório do Centro Cultural do Mindelo

Quem participa do nosso grupo:

1. Anselmo Fortes
2. Bety Gonçalves
3. Silvia Lima
4. Zenaida Alfama




TIM apresenta a peça «A Greve dos Livros»

Data: 22 e 23 de Abril (Sábado e Domingo) pelas 20:00 horas
Local: auditório do Centro Cultural do Mindelo

Peças em Imagens: Cloun Futebol Club (2003)

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@ Fotografias de Alessandra Esposito
A tradição do cloun creoulo, num espectáculo coreográfico

Proscénio: Cloun Creolus Dei

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Cartaz da peça "Cloun Creolus Dei"
(23ª Produção Teatral)



Ano: 2003
Design: Teatro Meridional

As nossas actrizes IV

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@ "Três Irmãs" - foto de João Barbosa

Arminda Lima

Idade: quem quiser saber que pergunte à própria
Signo: Carneiro

Peças em que participou como actriz:

«Mancarra» – 1998 /2000
«Agravos de um Artista» – 2000
«Médico à Força» – 2000
«Salon» - 2002
«Três Irmãs» - 2004


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União faz a força!

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@ "Tertulia" - IX Curso de Iniciação Teatral / Foto João Barbosa

Graças a uma louvável iniciativa do Centro Cultural Português - Pólo do Mindelo, a grande maioria dos grupos de teatro de S. Vicente já tem o seu espaço na Internet, com um blog autónomo.

Fazemos votos que os companheiros de luta consigam manter os seus blogues vivos e activos, para reforçar esta rede de informação do teatro de S. Vicente.

Aqui ficam os endereços:

Companhia de Teatro Solaris

Teatro Infantil do Mindelo

Atelier Teatrakácia

Sarrom.com Teatro & Companhia

XI Curso de Teatro do CCP/ICA

GTCCPM - ICA

Contagem decrescente

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Faltam 45 dias para a nossa actuação no F.I.T.E.I. (Portugal)
dia 01 de Junho, com "Mar Alto"

Os nossos actores IV

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@ «Cloun Futebol Club», 2004

Anselmo Fortes

Idade: 26 anos
Signo: Carneiro

Peças em que participou como actor:

«Médico à Força» – 2000

«O Conde de Abranhos» - 2001
«Mancarra» – 2001
«Agravos de um Artista» – 2002
«Sapateira Prodigiosa» – 2003
«Cloun Creolus Dei» - 2003
«Cloun Futebol Club» - 2003

«Rei Lear» - 2003
«Mar Alto» – 2005

Peças em que participou como técnico de som:

«Casa de Nha Bernarda» - 1997
«Romeu e Julieta» - 1998
«Os Velhos não devem Namorar» – 1998
«Os Dois Irmãos» - 1999
«O Conde de Abranhos» - 2001
«O Doido e a Morte» 2006

Peças em que participou como técnico de luz:

«Médico à Força» - 2000

«O Conde de Abranhos» - 2001
«Telemania» – 2001
«À Espera da Chuva» - 2002

«Auto de Holanda» - 2002
«A Sapateira Prodigiosa» - 2003

«Mar Alto» - 2005
«O Doido e a Morte» - 2006
«Mulheres na Lajinha» - 2006
«Casa de nha Bernarda» - 2007
«Ultima Ceia» - 2008
«Máscaras» - 2008

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Samuel Beckett (1906 - 1989)

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Faz hoje 100 anos que Beckett nasceu.

Nada melhor do que evocar a nossa produção "À Espera da Chuva" inspirada na obra do grande dramaturgo irlandês.



"Quanto mais longe ele vai mais bem me faz. Não quero filosofias, panfletos, dogmas, credos, saídas, verdades, respostas, nada a preço de saldo. Ele é o escritor mais corajoso e implacável que aí anda e quanto mais me esfrega o nariz na merda mais reconhecido lhe fico. Não se põe a gozar com a minha cara, não está a levar-me à certa, não me vem com piscadelas de olho, não me oferece um remédio nem um caminho nem uma revelação nem um balde cheio de migalhas, não me está a vender nada que não queira comprar, esta-se borrifando para se eu compro ou não, não tem a mão sobre o coração. Bom, vou comprar-lhe a mercadoria toda, de fio a pavio, porque ele espreita debaixo de cada pedra e não deixa nenhum verme sozinho. Faz nascer um corpo de beleza. A sua obra é bela."
Harold Pinter, 1954

Proscénio: À Espera da Chuva

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Pintura para o cartaz da peça "À Espera da Chuva"



Ano: 2002
Pintura: Luisa Queirós

Peças em Imagens: À Espera da Chuva (2002)

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@ Fotos de João Branco
Do que se espera em Cabo Verde quando se espera por alguma coisa?
Da chuva...

À Espera da Chuva

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Corria o ano 2002, e o nosso grupo lança-se numa enorme aventura. Com a peça "À Espera da Chuva" não só se evocou o grande dramaturgo Samuel Beckett, como se colocou em palco dois actores - Ducha Faria e Jorge Santos - a falar dois crioulos "rurais" e totalmente distintos: o crioulo de Santiago e o de Santão Antão. Vamos recordar.


Sobre a peça

A inevitabilidade mítica da espera
(Texto inserido no programa da peça «À Espera da Chuva»)

Eis um projecto teatral várias vezes adiado que vê finalmente a luz do dia. Numa peça que fala essencialmente da espera, foi precisamente isso que fizemos: esperar que chegasse o momento certo para dar vida a este magnífico texto dramatúrgico. Desde que tomamos conhecimento de uma peça de Beckett chamada “À Espera de Godot”, que era muito forte o desejo de concretizar uma adaptação crioula desse texto, um dos mais marcantes da dramaturgia contemporânea.

A imagem de duas pessoas num campo deserto, praticamente no meio do nada, à espera de algo ou alguém, sempre foi ligada a essa inevitabilidade que acompanha o mundo rural cabo-verdiano desde os tempos mais remotos, de semear e esperar por uma dávida do céu. A primeira versão da adaptação agora apresentada foi feita em plena viagem de avião Sal – Lisboa, já lá vão alguns anos e nunca esse percurso foi concretizado de forma tão prazenteira. Estava lá tudo, nas palavras geniais do dramaturgo. Quando se pensa na imagem de dois cabo-verdianos à espera de alguma coisa, é inevitavelmente, da chuva que nos lembramos. Entre uma peça e outra, este texto foi sendo guardado na gaveta, mas de vez em quando era ele que era transportado para a mesa do café, sempre com uma vontade crescente de dar vida a esses personagens de ninguém, retidos no meio do nada, simplesmente à espera. Entre esses vários prelúdios, um dia saiu na manchete de um dos semanários nacionais uma fotografia com três agricultores, de enxada na mão, olhando para o céu, sob o título: “À Espera da Azágua”. Foi o momento em que se tornou ainda mais premente e oportuna a decisão de levar a cabo esta encenação, num espectáculo que será tudo menos fácil e corriqueiro, que não terá o cunho popular e cómico de outros registros, mas que procura ir mais fundo da condição humana, de uma forma geral, e da cabo-verdianidade, em particular. Essa é também a magia dos textos universais, já o temos dito aquando de outras adaptações: a universalidade permite-nos reclamar o nosso pedaço, a nossa condição de possuidores de palavras escritas por criadores inatos em momentos de rara inspiração.

Esta montagem teve várias particularidades que gostaríamos de partilhar: em primeiro lugar o trabalho dos actores. Já se tinha referido em outras ocasiões que um dos problemas inerentes às grandes produções teatrais, envolvendo elencos numerosos e heterogéneos, é tornar o trabalho do actor menos visível, mais diluído no colectivo, o que não permite nem ao encenador nem ao actor que com ele trabalha uma abordagem mais profunda dos seus personagens. Nesses casos, o sucessivo desenrolar dos acontecimentos, a corrente imparável dos factos, ganham primazia sobre a caracterização psicológica dos personagens. Aqui não há nada disso, porque estamos perante um estranho enredo em que nada acontece. Duas pessoas, que vivem juntas à um tempo interminável, estão algures, num lugar deserto e devorado pela seca, à espera, simplesmente. Mais nada. Além disso, é o vazio. Resta-nos aqueles dois seres humanos, colocados perante uma situação considerada absurda, mas que tem ligações concretas com a nossa realidade de todos os dias, principalmente se pensarmos no mundo rural. Nesta ordem de idéias, o trabalho dos actores, é um trabalho sem rede, sem defesas, muito mais dificultado, porque são eles o cerne e o centro de uma estória onde, aparentemente, nada se passa. E o Jorge e a Ducha, que aceitaram com muita coragem abraçar este projecto responderam à altura, com dedicação, empenho e talento.

Em seguida, temos a questão linguística, que será um dos pontos mais polémicos e marcantes desta produção. Inicialmente, haveria duas hipóteses: o português ou o crioulo de S. Vicente. Acabamos por optar por uma terceira via que nos pareceu bem mais ajustada ao contexto que queríamos dar a esta peça, mas que nos colocou perante um desafio incomensurável: o homem fala crioulo de Santiago, a mulher responde com o crioulo de Santo Antão. Houve todo um imenso trabalho de investigação, de tradução, de dicção, de pronúncias e nuances dos diferentes crioulos que tivemos que abraçar, com auxílio de naturais dessas duas ilhas. E dessa forma, na nossa opinião, a peça ganha uma outra dimensão: em primeiro lugar porque fixa o contexto dos personagens num universo marcadamente rural, em segundo, porque dá uma maior amplitude ao drama nacional, que se repete todos os anos, materializado no facto de muitos e muitos camponeses cabo-verdianos, com enorme esforço, se dedicarem a uma sementeira, cujo resultado depende dos caprichos de uma natureza, que na maioria dos casos, se tem revelado madrasta.

Tudo o resto se deve a uma colaboração solidária e criativa de toda a equipa: a música tocada ao vivo por dois jovens e talentosos executantes, o guarda-roupa concebido e desenhado especialmente para o espectáculo, uma linha plástica centrada nas diferentes côres de uma terra pouco acostumada em sentir o doce e fresco sabor da água, os castanhos, o deserto, e como não podia deixar de ser, num canto, uma árvore que resiste, e que em Cabo Verde não poderia ser outra que não uma acácia.
Foi a pensar nessa boa gente do campo que concretizamos esta peça. E aprendemos que a difícil capacidade de esperar, de manter a esperança em dias melhores, é também e sobretudo, sinónimo de sabedoria.

João Branco – Março 2002

À Espera da Chuva

Ficha Artística

Encenação, adaptação dramatúrgica e cenografia
João Branco
Direcção Musical e Músicas originais
Vamar Martins
Desenho de Luzes
Anselmo Fortes
Som
Fonseca Soares
Figurinos e adereços
Elisabete Gonçalves

Consultores de crioulo (Santo Antão e Santiago)
Arlindo Lopes, Adilson Semedo, Arminda Lima e Marlene Pires

Interpretação
Jorge Spencer e Maria da Luz Faria

Músicos Convidados
Dani Monteiro / “Toja” (clarinete)
Vamar Martins (viola)

Apresentação
Dia 29, 30 e 31 de Março de 2002, no Centro Cultural do Mindelo
- Participação no Março – Mês do Teatro 2002
Dia 05 de Abril de 2002, no Auditório Nacional, cidade da Praia
- II Congresso de Quadros da Diáspora

Citações Teatrais 02

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«o teatro é uma forma de comunicação entre os homens: as formas teatrais não se desenvolvem de maneira autónoma, antes respondem sempre a necessidades sociais bem determinadas e a momentos precisos. O espectáculo faz-se para os espectadores e não o espectador para o espetáculo, o espectador muda, logo o espectáculo também terá de mudar.»

Augusto Boal
Encenador brasileiro, fundador do Teatro Oprimido

Proscénio: cartaz Romeu e Julieta

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(pormenor do desenho)

Cartaz da peça "Romeu e Julieta"



Ano: 1997
Desenho: Luisa Queirós
Design Gráfico: João Branco