Aplausos: 13 anos de teatro!

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A poucos dias de estrear a sua nova peça "O Doido e a Morte", aquela que é a sua 37ª Produção Teatral, o Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo - ICA, comemora o seu 13º aniversário. Com um currículo invejável, porventura o mais rico de toda a história do teatro cabo-verdiano, este grupo de teatro tem conseguido estrear, em média, três peças de teatro por ano, mantendo um nível de qualidade artística reconhecido por todos. Aplausos!


Nascido em 1993, começou por ser um Curso de Iniciação Teatral, nasceu como grupo, sem nunca ter esquecido a vertente da formação, que continua a ser ministrada em paralelo com as actividades do grupo teatral. Assim, o grupo não só vai substituindo os elementos que saem, como permite o aparecimento de outros grupos de teatros, saídos desta autêntica “escola” de artes cénicas, tendo dado origem a um elevado número de novos actores, já considerados unanimemente como a nova geração do teatro cabo-verdiano.

Liderado pelo professor de teatro e encenador João Branco, este é o grupo de teatro que até hoje mais produções teatrais colocou em cena em toda a história do teatro cabo-verdiano, contabilizando o espantoso número de 35 produções teatrais até meados de 2005, em doze anos de existência, o que perfaz a média de três peças diferentes por cada ano de vida.

A concepção global sugerida numa aplicação artística correcta da arte de encenação, com todas as implicações inerentes, nomeadamente, o aspecto artístico, plástico e técnico tem sido uma das imagens de marca deste grupo de teatro. O teatro cabo-verdiano deixa assim de se reduzir ao designado talento inato do crioulo para a representação, que é inegável, mas junta a esse talento intrínseco e enraizado uma componente técnica, plástica e artística que há 10 anos atrás não se reconhecia, ou, quanto muito, era muito mais laboriosa de se encontrar nos palcos de Cabo Verde. Parece inquestionável que o nível do nosso teatro, considerando esses parâmetros, é hoje muito maior do que o era antes e nessa evolução global, o trabalho do Grupo de Teatro Centro Cultural Português do Mindelo tem tido uma influência decisiva.

Foi o primeiro grupo de teatro em Cabo Verde a encenar e a adaptar para a realidade cabo-verdiana peças de autores fundamentais da dramaturgia universal, tais como Shakespeare (Romeu e Julieta em 1998 ou Rei Lear em 2003); Garcia Lorca (A Casa de Nha Bernarda em 1998 ou Sapateira Prodigiosa em 2003); Molière (O Médico à Força em 2000); ou Beckett (À Espera da Chuva em 2002). Foi lançado e colocado em prática o que veio a ficar conhecido como “crioulizações”, um termo utilizado pelo próprio encenador do grupo.

Foi igualmente este grupo o primeiro a adaptar para teatro obras literárias do popular escritor cabo-verdiano Germano Almeida, tendo apresentado adaptações teatrais de Os Dois Irmãos, em 1999 e de Agravos de um Artista em 2001.

O grupo, considerado pelo crítico teatral Manuel João Gomes, como “um dos mais importantes grupos de teatro dos países africanos de expressão portuguesa”, recebeu o Prémio Teatral de Mérito Lusófono, atribuído pela Fundação Luso-Brasileira para o Desenvolvimento do Mundo de Língua Portuguesa, no final de 1996. O director artístico do grupo, João Branco, recebe, em 1999, o Prémio Micadinaia da Cultura, atribuído pela Academia de Estudos Comparados, e o próprio Centro Cultural Português do Mindelo vê reconhecido o seu trabalho na área da formação teatral, ao receber, em 2001, o Prémio de Mérito Teatral, atribuído pela Associação Mindelact.

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